Seis
dos 13 lotes de rodovias federais que o governo quer conceder à
iniciativa privada em 2024 estão no Sudeste do país. Dados que o Brasil
61 obteve junto ao Ministério dos Transportes apontam que esses trechos
vão receber a injeção de R$ 55,7 bilhões em investimentos durante a
vigência dos contratos.
Com os leilões rodoviários previstos para este ano, o governo espera
atrair R$ 122 bilhões em investimentos privados. Segundo Venilton
Tadini, presidente-executivo da Associação Brasileira da Infraestrutura e
Indústrias de Base (Abdib), uma série de fatores deve contribuir para
que as concessões se concretizem.
"A gente está entrando num momento de redução de inflação e taxa de
juros, nosso câmbio está adequado e nós temos um nível de reserva
adequado. Isso significa que é um bom ambiente macroeconômico para
atração de recursos. Projetos bem estruturados são mais um ingrediente
importante nesse sentido e, logicamente, do ponto de vista regulatório,
não ter nenhum tipo de atropelo ou surpresa. Aí você cria um ambiente
perfeito para poder trazer investidores", afirma.
Rodovias mineiras em destaque
Todas as rodovias do Sudeste que o governo quer conceder à iniciativa
privada este ano passam por Minas Gerais. É o caso da BR-040/MG/GO –
conhecida como Rota dos Cristais –, cujo projeto de concessão de 595
quilômetros, entre Belo Horizonte (MG) e Cristalina (MG), recebeu sinal
verde em agosto do ano passado. A previsão é de que o edital saia ainda
no primeiro trimestre de 2024.
O Ministério dos Transportes espera atrair R$ 10,6 bilhões em
investimentos, que serviriam para duplicar um trecho de 10 quilômetros,
construir 35 passarelas, 16 faixas adicionais em pista dupla, oito
faixas adicionais em pista simples, seis passagens de fauna, além de
pontos de parada e descanso para caminhoneiros e bases de serviços de
atendimento aos usuários.
Confira quais as seis rodovias da região podem ir a leilão em 2024.
A
BR-040/MG, no trecho que liga Belo Horizonte a Juiz de Fora, será a
primeira rodovia federal a ir à leilão em 2024. A disputa pela concessão
vai ocorrer em 11 de abril, na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O
governo espera assegurar R$ 8,8 bilhões em novos investimentos, que vão
desde a duplicação de pistas e implantação de faixas adicionais à
construção de ciclovias e passarelas.
Gargalos
Das 13 concessões de rodovias federais que o governo projeta para o
ano, dez estão situadas nos chamados "corredores do agro", que nada mais
são do que rotas por onde a produção agropecuária é escoada a cada
safra.
Para Rodrigo Petrasso, especialista na área de projetos privados, o
recorte mostra que o Ministério dos Transportes tem interesse em
resolver gargalos logísticos que o setor produtivo enfrenta da porteira
para fora.
"A realização desses 13 leilões é uma boa notícia, em especial por
conta da preocupação de modernizar a malha rodoviária em setores
fundamentais para o escoamento de produção de carga, especialmente de commodities agrícolas.
Nós temos um gargalo logístico muito grande, especialmente no
agronegócio, por conta da escassez da malha ferroviária e da dependência
da malha rodoviária e do fato de a malha rodoviária ainda não ter sido
expandida de forma suficiente, não ter uma capilaridade adequada e de as
rodovias existentes terem capacidade de transporte – até por conta de
problemas de manutenção – aquém do que é necessário", avalia.
Apesar de estarem previstas para 2024, algumas concessões tiveram
seus projetos iniciados antes do atual governo. É o caso da Rota dos
Cristais, cujos estudos começaram em maio de 2022.
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